Terminei mais um livro dele. Tirei a foto do livro ao lado da imagem que tenho dele colada na minha parede, isso serve como inspiração e motivação para mim. É só olhar para ele que lembro da forma que ele pensava, da forma que ele via o mundo. Isso me ajuda a tomar várias decisões…
Como era de se esperar de uma pessoa como ele, que não dava importância à sua pessoa e nem na de ninguém e sim no que cada um pensava, o livro conta muito sobre o que ele pensa, principalmente no campo da física e praticamente nada sobre ele em si. Vou passar alguns trechos interessantes:
“O estômago talvez se saciasse com essa participação, mas o homem, na medida em que é um ser pensante e dotado de sentimentos. A primeira válvula de escape era a religião, implantada nas crianças pela máquina educadora tradicional. Assim – embora fosse filho de pais absolutamente não-religiosos (judeus) -, entreguei-me a uma religiosidade profunda, que terminou abruptamente quando tinha apenas doze anos. A leitura de livros científicos populares convenceu-me de que a maioria das histórias da Bíblia não podia ser real. A consequência foi uma orgia positivamente fanática de livre-pensamento, combinada com a impressão de que a juventude é decididamente enganada pelo Estado, com mentiras; foi uma descoberta esmagadora. Essa experiência fez com que passasse a desconfiar de todo tipo de autoridade, adotando uma atitude cética quanto às convicções vigentes em qualquer ambiente social específico – uma atitude que jamais abandonei, embora mais tarde tenha sido amenizada por uma visão mais perfeita das conexões causais.”
Quando comecei a realmente estudar, também me joguei muito forte à religiosidade. Li a Bíblia toda. Quando terminei de ler, já não estava mais religioso. Pois ao mesmo tempo que lia a Bíblia eu estava estudando a história, costumes e crenças de povos antigos como Egípcios, Maias, Astecas, Índia antiga, China antiga, Japão antigo e Gregos. E a história do Cristianismo, a forma que o Cristianismo foi implantado em nossa sociedade. Também li alguns livros que me ajudaram a ter uma visão geral sobre o todo, como “O poder do Mito”. Depois do estudo de tudo isso não restava mais dúvidas sobre a religião. Para mim, religião foi e é uma forma de manter a sociedade em ordem, tendo para as pessoas algo em que acreditar, e ensinamentos que tentam deixar as pessoas em paz umas com as outras. Considero isso importante para a sociedade, mas para mim são todos cegos, assim como eu já fui. O estado em que você fica depois de estudar tudo isso e conseguir ter essa visão ampla foi descrita por Einstein: A consequência foi uma orgia positivamente fanática de livre-pensamento.
“A contemplação desse mundo acenava-me como uma força libertadora, e percebi que muitos daqueles a quem aprendera a respeitar e admirar haviam encontrado, por esse meio, a liberdade interior e a segurança. A conquista mental desse mundo extra-individual dentro dos limites da capacidade humana se me apresentava meio consciente e meio inconscientemente como o objetivo supremo. Os homens do presente e do passado, similarmente motivados, bem como os conhecimentos que tinham adquirido, eram dignos de serem cultivados como amigos.”
“Para um homem do meu tipo, o ponto decisivo do desenvolvimento encontra-se no desengajamento gradual do centro de interesse para um grau muito além do momentâneo e do puramente individual, voltando-se para a conquista de uma compreensão conceptual das coisas.”
“Todos os nossos pensamentos tem a natureza do jogo livre dos conceitos; a justificativa desse jogo está no grau de compreensão das sensações que podemos alcançar com a sua ajuda. O conceito de “verdade” não pode ainda ser aplicado a essa estrutura; na minha opinião, esse conceito só é aplicável quando temos à mão um acordo (convenção) que abrange os elementos e as regras do jogo. Não tenho dúvidas de que o nosso pensamento se processa, na maior parte das vezes, sem o uso dos signos (palavras) e, além disso, em grande parte inconscientemente.”
“Dos doze aos dezesseis anos, familiarizei-me com os elementos da matemática, incluindo os princípios do cálculo diferencial e cálculo integral. Tive a sorte de encontrar livros que não se preocupavam com o rigor lógico, mas que permitiam a apresentação clara das ideias principais.”
Ou seja, com doze anos, Einstein já lia livros de teoria física e matemática. Se a maior mente que já ouve no mundo, se debruçava sobre os livros, o mínimo que eu posso fazer é ler o mesmo (da área de meu interesse). Então tenho como objetivo ler muito, o dobro, para tentar obter um nível de conhecimento que me permita conseguir compreender melhor a forma que esses gênios pensavam.
“O problema era que, como estudantes, éramos obrigados a acumular essas noções em nossas mentes para os exames. Esse tipo de coerção tinha (para mim) um efeito frustrante. Depois de ter passado nos exames finais, passei um ano inteiro durante o qual qualquer consideração sobre problemas científicos me era extremamente desagradável. Porém, devo dizer que na Suíça essa coerção era bem mais branda do que em outros países, onde a verdadeira criação científica é completamente sufocada. Fazíamos apenas dois exames; durante o resto do tempo podíamos nos dedicar ao que bem entendêssemos. Isso se dava especialmente quando se tinha um amigo, como era o meu caso, que assistia às aulas regularmente e anotava a matéria. Assim eu ficava livre para qualquer atividade, até alguns meses antes do exame, uma liberdade que aproveitei ao máximo, assumindo alegremente o pesa na consciência como o menor entre dois males. Na verdade, é quase um milagre que os métodos modernos de instrução não tenham exterminado completamente a sagrada sede de saber, pois essa planta frágil da curiosidade científica necessita, além de estímulo, especialmente de liberdade; sem ela, fenece e morre. É um erro supor que a satisfação de observar e pesquisar pode ser promovida por meio da coerção e da noção do dever. Muito ao contrário, acredito que seria possível eliminar por completo a voracidade de um animal predatório obrigando-o, à força, a se alimentar continuamente, mesmo quando não tem fome, especialmente se o alimento usado para a coerção for escolhido para isso.”
Einstein escreveu isso em 1946! Se ele estivesse vivo, vendo o modo que encontra-se o nosso sistema de ensino, essas fábricas de mão-de-obra que chamam de Universidades, se visse o quão perdidos estão as pessoas no meio da tecnologia, alimentados pelo consumismo, e não dando atenção alguma para o saber, com certeza ele teria um infarto. Meu curso tem um conceito muito bom perante o país, a maioria dos professores são bons, porém o conteúdo não convém, algumas matérias é passado um conteúdo base para o entendimento de todos, que até acho justo, mas algumas matérias o conteúdo é totalmente insignificante ao meu ver. 90% de tudo que eu aprendi até hoje foi em casa, em livros e na internet (conteúdos bons e não Facebook), em minha rotina de estudos diária das 08h às 17h.
“… para um ser humano do meu tipo, o essencial está precisamente naquilo que pensa e como pensa, e não nas coisas que faz ou que lhe são feitas. Portanto, um obituário pode limitar-se, em sua maior parte, à comunicação dos pensamentos que desempenharam um papel considerável na minha luta. Quanto maior a simplicidade das premissas, mais impressionante é a teoria, maior o número de coisas diferentes com as quais se relaciona e mais extensa sua área de aplicação.”
“O princípio universal da teoria da relatividade restrita está contido no postulado: as leis da física são invariantes em relação às transformações de Lorentz (pela transição de um sistema de inércia para qualquer outro sistema de inércia escolhido arbitrariamente). Este é um princípio restritivo para as leis naturais, comparável ao princípio restritivo da não-existência do perpetuum mobile que é a base da termodinâmica. Uma observação sobre a relação da teoria do “espaço quadridimensional”. Acredita-se erroneamente que a quadridimensionalidade do continuum físico tenha sido descoberta, até certo ponto, ou pelo menos introduzida pela teoria da relatividade restrita. Tal não se deu. A mecânica clássica também se baseia no continuum quadridimensional do espaço e do tempo. Mas, no continuum quadridimensional da física clássica, os subespaços com valor de tempo constante têm uma realidade absoluta, independente da escolha da estrutura de referência. Por isso, o continuum quadridimensional divide-se naturalmente e um unidimensional (tempo), de modo que o conceito de quadridimensional não se impõe como uma necessidade. A teoria da relatividade restrita, por sua vez, cria uma dependência formal entre o modo pelo qual as coordenadas do espaço, de um lado, e as coordenadas de tempo, de outro, se incorporam às leis naturais.”
“Aprendi algo mais com a teoria da gravitação: nenhuma coleção de fatos empíricos, por mais abrangente que seja, pode levar a essas equações complexas. Uma teoria deve ser testada pela experiência, mas não é possível construir uma teoria partindo da experiência. Equações complexas como as do campo gravitacional só podem ser encontradas através da descoberta de uma condição simplesmente matemática, que determine as equações de forma completa, ou quase completa. Uma vez obtidas essas condições extremamente formais, basta um pequeno conhecimento dos fato para se construir a teoria, no caso das equações da gravitação, a quadridimensionalidade e o tensor simétrico como expressão da estrutura do espaço, ao lado da invariância relativa à contínua transformação do grupo, determinam as equações quase completamente.”
Me surpreendi com isso, pois imaginava que pode-se se obter equações complexas com a experiência. Mas segundo ele, as teorias precisam ser elaboradas comente com matemática e física pura, ou seja, todo o Universo é descrito através de formulas, incrível isso!!!
O livro é da editora Nova Fronteira, recomendo!
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