quinta-feira, 26 de junho de 2014

Resenha Crítica do Livro O Monge e o Executivo

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ, CAMPUS TOLEDO

PABLO LUIS LIPSCH

O MONGE E O EXECUTIVO – JAMES C. HUNTER.

HUNTER, James C; O Monge e o Executivo: uma história sobre a essência da liderança. Editora Sextante, Rio de Janeiro. 2004.

INTRODUÇÃO

Resenha crítica apresentada como requisito parcial para a avaliação da disciplina de Gestão Secretarial Executiva do curso de Secretariado Executivo da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Toledo.
Prof. da disciplina: Fabrício Stocker.

RESUMO

James C. Hunter, autor do livro O Monge e o Executivo, é um profissional da área de liderança e que além de atuar como consultor de empresas também é instrutor e palestrante nas áreas de liderança funcional e organização de grupos comunitários. Em seu livro, Best Seller, citado acima, o autor relata a história de um personagem fictício de um homem bem-sucedido, gerente-geral de uma grande indústria, casado e com dois filhos.
John Daily lidera uma grande indústria de vidros que conta com mais de quinhentos funcionários e mais de cem milhões de dólares em vendas anuais. Quando foi promovido ao cargo, ele se tornará o mais jovem gerente-geral da história da companhia. Apesar da grande autonomia do trabalho e um bom salário acrescido de bônus, John estava com dificuldades em seu trabalho. Os empregados horistas da fábrica haviam feito uma campanha para que um sindicato os representasse, o que gerou muito atrito e desgaste. Além disso, a gerente de recursos humanos sugeriu solidariamente que Daily examinasse seu estilo de liderança, o que o irritou profundamente.
John e sua esposa, Rachel, eram casados há 18 anos e possuem dois filhos, o menino John Jr e a menina Sara. A família possui vários bens, frutos de sucesso de John no trabalho: apartamento na cidade, casa bonita à beira lago, barco à vela, Jet ski e dois carros novos na garagem. E além disso, tiram férias duas vezes por ano além de possuírem uma boa poupança.
            Apesar da família parecer estável e feliz, as coisas não estavam assim. Rachel estava se sentindo infeliz no casamento, o relacionamento de John com os filhos não estava bem.
Devido as dificuldades que John Daily está passando em casa e no trabalho, a pedido de sua esposa e do pastor da igreja ele vai para um retiro, num mosteiro cristão chamado João da Cruz, para poder se afastar um tempo de sua rotina e poder refletir sobre tudo que está passando.
Um dos frades do mosteiro era Leonard Hoffman, famoso e bem-sucedido empresário que abandonara os negócios para se tornar monge. Hoffman tem um nome diferente agora, no mosteiro é conhecido como Simeão, nome que tem acompanhado John por algumas estranhas coincidências durante sua vida. O famoso empresário ministra um mini-curso dentro do mosteiro, voltado à liderança.
No primeiro dia da atividade voltada à liderança, houve as apresentações dos participantes. Além do John, iriam participar durante a semana mais cinco pessoas: Lee, o pregador; Greg, um jovem sargento do Exército; Teresa, diretora de uma escola pública; Chris, treinadora de um time de basketball; e Kim, enfermeira-chefe de um hospital.
Durante o tempo dedicado do frade Simeão durante a semana para trabalhar com os participantes do retiro, eles conversam sobre alguns pontos-chave dentro do assunto. Com um estilo de evento participativo e sendo liderado pela grande experiência de Simeão, a trama desenvolve bons debates, grande parte também em função das diferentes personalidades de líderes que estão participando.

ANÁLISE CRÍTICA

            Em um primeiro momento, Simeão leva os participantes a uma fase de definições. A definição de liderança aparece durante o encontro, Liderança: é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum.
Uma definição que vem ao encontro da visão de John P. Kotter (1992, p. 146):

A liderança eficaz para qualquer atividade em organizações complexas é o processo de criar uma visão do futuro que leve em consideração os legítimos interesses a longo prazo das partes envolvidas nessa atividade, de desenvolver uma estratégia racional para se mover em direção a essa visão, de conquistar o apoio dos principais centros de poder cuja cooperação, anuência ou trabalho de equipe sejam necessários para produzir esse movimento, e de motivar em alto grau esse grupo central de pessoas cujas ações são fundamentais para implantar a estratégia.

            Mais a frente, uma frase muito importante é lançada: “o poder corrói os relacionamentos.” E Logo, Simeão inicia um exercício que pede aos participantes pensarem em alguém que teve influência em suas vidas, e logo após listar as qualidades de caráter que essa pessoa possuía ou possui. Comparando as listas e observando o que mais foi anotado, chegaram a essas qualidades: Honestidade, confiabilidade; Bom exemplo; Cuidado; Compromisso; Bom ouvinte; Conquistava a confiança das pessoas; Tratava as pessoas com respeito; Encorajava as pessoas; Atitude positiva e entusiástica e Gostava das pessoas.
Simeão então coloca: todas as qualidades que vocês listaram são comportamentos. E comportamento é escolha.
            Chegando a conclusão sobre os assuntos debatidos até o momento de que a chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos. Que os líderes verdadeiramente grandes têm essa capacidade de construir relacionamentos saudáveis.
            Em um próximo momento o assunto parte para paradigmas. E o líder da reunião coloca:

É importante que desafiemos continuamente os paradigmas a respeito de nós mesmos, do mundo em torno de nós, de nossas organizações e das outras pessoas. Lembrem-se de que o mundo exterior entra em nossa consciência através dos filtros de nossos paradigmas. E nossos paradigmas nem sempre são corretos.

            E ainda:

Pensem nos velhos paradigmas: o mundo é plano; o sol gira em torno da Terra; a salvação virá se você for uma boa pessoa; as mulheres não podem votar; os negros são inferiores; as monarquias devem governar as pessoas; cabelos longos e brincos são somente para mulheres, e assim por diante.

            Desafiar continuamente os paradigmas é algo que Idalberto Chiavenato (1996) também concorda:

O universo empresarial está despertando para uma nova e significativa jornada. Novos paradigmas estão surgindo e sepultando velhas práticas que se tornaram rapidamente obsoletas e ultrapassadas. É que o mundo mudou muito ultimamente. E está mudando cada vez mais. Por essa razão, fala-se, hoje, muito em mudanças. Principalmente em mudanças organizacionais que precisam acontecer nas empresas, para que elas se mantenham ágeis e competitivas. Em um mundo de negócios carregado de mudanças e transformações contínuas e gradativamente mais velozes, as empresas precisam rapidamente renovar-se de maneira constante para que possam se manter atualizadas e competitivas.
           
No encontro da terça-feira o assunto parte para modelo de liderança e alguns grandes nomes são tidos como exemplo, como Gandhi e Martin Luther King. Simeão ressalta: a autoridade sempre se estabelece ao servir aos outros e sacrificar-se por eles. O serviço que prestamos tem origem na identificação e satisfação das necessidades legítimas. O modelo de liderança apresentado por Simeão foi o seguinte:




            O próximo capitulo do livro denominado de “O Verbo” traz para dentro do debate dos participantes uma comparação entre qualidades de liderança construídas anteriormente com definições de Amor Agapé:

AUTORIDADE E LIDERANÇA                            AMOR AGAPÉ
Honesto, confiável                                                   Paciência
Bom modelo                                                            Bondade
Cuidadoso                                                               Humildade
Comprometido                                                        Respeito
Bom ouvinte                                                            Generosidade
Mantém as pessoas responsáveis                             Perdão
Trata as pessoas com respeito                                 Honestidade
Incentiva as pessoas                                                Compromisso
Atitude positiva, entusiástica
Gosta das pessoas

            E então várias dessas qualidades são focadas, trazendo à reunião suas definições.
            Essa assimilação de liderança e amor é também usada por Hesselbein no livro O líder do futuro (1996, p.34):

O líder precisa ter amor pelas pessoas, porque numa comunidade aqueles que causam sofrimento e aborrecimento podem ser respeitados ou temidos, mas não serão seguidos de bom grado. Este atributo também requer seu oposto, a capacidade para a solidão, tendo em vista sua posição de liderança. Nem sempre é possível compartilhar suas preocupações com mais alguém. Poucos agradecerão ao líder pelo que der certo, mas muitos o condenarão quando os resultados forem negativos. Grandes líderes precisam caminhar sozinhos de tempos em tempos. Também precisam colher sua satisfação a partir dos sucessos dos outros, dando-lhes o reconhecimento que muitas vezes lhes é negado.

            John contribui contando que um curso no qual ele havia participado ensinou que todos os tipos de estímulos vêm a nós: contas a pagar, maus chefes, problemas com vizinhos e o que mais houver. O estímulo sempre vem a nós, mas, como seres humanos, temos a habilidade de escolher nossa resposta. Ainda no mesmo espírito do assunto, Simeão contribui para o encontro:

Dissemos que o caminho para a autoridade e a liderança começa com vontade. A vontade são as escolhas que fazemos para aliar nossas ações às nossas intenções. Estou querendo dizer que, ao final, todos temos que fazer escolhas a respeito de nosso comportamento e aceitar a responsabilidade por essas escolhas. Escolheremos ser pacientes ou impacientes? Bons ou maus? Ouvintes ativos ou meramente silenciosos, esperando nossa oportunidade de falar? Humildes ou arrogantes? Respeitadores ou rudes? Generosos ou egoístas? Capazes de perdoar ou ressentidos? Honestos ou desonestos? Comprometidos ou apenas envolvidos?

Em um dos últimos momentos da última reunião sobre liderança, Simeão acrescentou:

Uma das coisas que aprendi na vida foi que as declarações de missão das organizações são boas e acho até que servem a um propósito positivo. Mas nunca devemos esquecer que as pessoas aderem ao líder antes de aderirem a uma declaração de missão. Se aderirem ao líder, elas irão aderir a qualquer declaração de missão que o líder tiver.

            Antes de se despedirem, os seis participantes do evento almoçaram juntos. O momento foi de muita alegria, abraços e até choros, devido ao quão produtiva e significante o evento foi para a vida de cada um.
            Logo que Rachel apareceu para buscar John, a mesma já percebeu um abraço que à tempos não recebia, e John termina dizendo que seria apenas um passo em uma nova jornada.

CONCLUSÃO

            Um livro com um dinâmica muito boa, de fácil compreensão e que carrega todo brilhantismo de Hunter ao construir uma história tão envolvente que apresenta ao leitor realmente a essência de liderança e descreve de forma clara as qualidades necessárias de um bom líder. Também salienta o compromisso que o líder deve assumir e lembra que a mudança é uma opção.
            Excelente leitura, o livro alcança o que tema proposto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHIAVENATO, Idalberto.  Os novos paradigmas: como as mudanças estão mexendo com as empresas. São Paulo: Atlas, 1996.

HESSELBEIN, F., GOLDSMITH, M. e BECKHARD, R. O Líder do Futuro: visões, estratégias e práticas para uma nova era. Organização de Peter F. Drucker Foundation; tradução de Cynthia Azevedo. São Paulo, Futura, 1996.

HUNTER, James C; O Monge e o Executivo: uma história sobre a essência da liderança. Editora Sextante, Rio de Janeiro. 2004.

KOTTER, John P.  O fator liderança. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1992.



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