Esta é uma história sobre você e
eu, e o seu cão. Houve uma época, não muito tempo atrás antes dos cães. Eles não
existiam. Agora há cães grandes, pequenos, de colo, de guarda, de caça. Todo
tipo de cão que você possa querer. Como isso aconteceu?
E não são só cães. De onde todos os
diferentes tipos de criaturas vieram?
A resposta é um poder transformador
que pode parecer algo saído direto de um mito ou conto de fadas, mas que não é
tal coisa.
Vamos voltar 30.000 anos até um
tempo antes dos cães, quando nossos ancestrais viviam no inverno sem fim da última
era glacial. Nossos ancestrais eram nômades vivendo em pequenos grupos. Eles
viviam sob as estrelas. O céu era seu livro de historia, calendário, um manual
de instruções para a vida. Eles os diziam quando as friagens viriam, quando os
grãos silvestres iriam amadurecer, quando as manadas de caribus e bisões
estariam em marcha. Sua noção de lar era a própria Terra. Mas eles viviam com
medo de outras criaturas famintas, os leões-da-montanha e os ursos que competiam
com eles pela mesma caça e os lobos que ameaçam carregar e devorar os mais
vulneráveis entre eles. Todos os lobos querem o osso, mas a maioria está muito assustada
para chegar perto o bastante. Seu medo se deve a altos níveis de hormônios do
estresse em seu sangue.
É uma questão de sobrevivência.
Pois chegar muito perto de
humanos pode ser fatal.
Mas uns poucos lobos graças a
variações naturais têm níveis mais baixos destes hormônios. Isso os faz ter
menos medo dos humanos. Este lobo descobriu o que um ramo dos seus ancestrais
deduziram cerca de 15.000 anos atrás, uma excelente tática de sobrevivência; a
domesticação dos humanos.
Deixe os humanos caçarem, não os
ameace, e eles lhe deixarão pilhar o seu lixo. Você vai comer mais
regularmente, Vai deixar uma prole maior, e esta prole herdará esta disposição.
Esta seleção pela mansidão seria reforçada com cada geração até que aquela
linhagem de lobos evoluísse para cães.
Você pode chamar isso de "sobrevivência
do mais amigável." E como agora, este foi um bom "trato" para os
seres humanos, também. Os cães de limpeza não eram apenas um pelotão de saneamento. Eles melhoravam a
segurança. À medida que esta parceria entre espécies continuava, a aparência
dos cães mudou também. Graciosidade tornou-se uma vantagem seletiva. Quanto
mais adorável você era, melhores chances você tinha de viver e passar seus
genes para outra geração.
O que começou como uma aliança de
conveniência se tornou uma amizade que ficou mais forte com o tempo. Para ver o
que acontece a seguir, vamos deixar nossos ancestrais distantes de cerca de
20.000 anos atrás para visitar o passado mais recente durante um intervalo na
Era do Gelo.
Esta pausa no clima começa uma
revolução. Em vez de vagar, as pessoas estão se estabelecendo. Há algo de novo no
mundo... aldeias. As pessoas ainda caçam e coletam, mas agora eles também
produzem alimentos e roupas... agricultura.
Os lobos têm trocado sua
liberdade por refeições constantes. Eles desistiram do direito de escolher um
par. Agora os humanos escolhem por eles. Eles matam consistentemente os cães
que não podem ser treinadas; os que mordem a mão que os alimenta. E cruzam os cães
que os agradam. Eles cuidam dos cães que cumprem com seus deveres... caça,
pastoreio, guarda, transporte, e fazer-lhes companhia.
De cada ninhada, os humanos
escolhem os filhotes de que gostam mais. Através das gerações, os cães evoluem.
Este tipo de evolução se chama "seleção artificial" ou "criação".
Transformar lobos em cães foi a primeira vez em que nós, humanos, tomamos a evolução
em nossas mãos. E nós fazemos isto desde então para moldar todas as plantas e
animais dos quais dependemos.
Em um instante de tempo cósmico, apenas
15.000 ou 20.000 anos, transformamos lobos cinzentos em todas as raças de cães que
amamos hoje. Pense nisso. Cada raça de cão que você já viu foi esculpida por mãos
humanas. Muitos dos nossos melhores amigos as raças mais populares foram
criadas somente nos últimos séculos. O incrível poder da evolução transformou o
lobo voraz no fiel pastor, que protege o rebanho e afugenta o lobo. A seleção
artificial transformou o lobo no pastor, e as ervas silvestres em trigo e
milho.
De fato, quase todas as plantas e
animais que comemos hoje foram criados a partir de um ancestral selvagem menos
comestível. Se a seleção artificial pode causar tão profundas alterações em
apenas 10.000 ou 15.000 anos, o que a seleção natural pode fazer agindo por bilhões de anos?
A resposta é toda a beleza e
diversidade da vida. Como isso funciona? Nossa Nave da Imaginação pode nos
levar a qualquer lugar no espaço e no tempo, até mesmo ao microcosmos oculto,
onde um tipo de vida pode ser transformado em outro.
Venha comigo.
Pode não parecer, mas nós temos
vivido em uma era do gelo pelos últimos dois milhões de anos. Só acontece de
estarmos em um dos longos intervalos.
Pela maior parte destes dois milhões
de anos, o clima foi frio e seco. A calota de gelo polar norte se estendia
muito mais ao sul do que hoje. Em um desses longos períodos glaciais frios
quando o gelo marinho de inverno se estendia desde o Pólo Norte até onde hoje é
Los Angeles, grandes ursos vagavam pelas vastidões geladas da Irlanda.
Esta pode parecer uma ursa comum,
mas algo extraordinário está acontecendo dentro dela. Algo que vai dar origem a
uma nova espécie. Para ver isto, precisaremos descer até uma escala muito
menor, até o nível celular, para que possamos explorar o aparelho reprodutivo
da ursa.
Vamos seguir a artéria subclávia
através do coração. Quase lá. Esses são alguns de seus óvulos. Para ver o que
está acontecendo em um deles, teremos que ficar ainda menores. Vamos encolher
até o nível molecular. Nossa Nave da Imaginação agora é tão pequena,que
caberiam um milhão delas em um grão de areia.
Vê aqueles caras andando por
aqueles cabos? são proteínas chamadas cinesinas.
Estas cinesinas são parte da
equipe de transporte que está ocupada levando cargas através célula. Como
parecem alienígenas. E ainda assim essas criaturinhas e seres como elas são uma
parte de toda célula viva, inclusive as suas. Se a vida tem um santuário,é aqui
no núcleo que contém nosso DNA a antiga escritura de nosso código genético. E
escrita em uma linguagem que toda vida pode ler. DNA é uma molécula em forma de
uma longa escada torcida ou dupla hélice.
Os degraus desta escada são feitos
de quatro diferentes tipos de moléculas menores.
Estas são as letras do alfabeto
genético. Arranjos particulares destas letras soletram as instruções para todos
os seres vivos, lhes dizendo como crescer, mover-se, digerir, sentir o
ambiente, curar-se, reproduzir. A dupla hélice de DNA é uma máquina molecular com
cerca de 100 bilhões de partes chamadas "átomos."
Há tantos átomos em uma única molécula
de nosso DNA quanto há estrelas em uma galáxia típica. O mesmo se aplica aos cães
e ursos e toda coisa viva. Somos, cada um de nós, um pequeno universo. A
mensagem de DNA entregue de célula para célula e de geração para geração é
copiada com extremo cuidado. O nascer de uma nova molécula de DNA começa quando
uma proteína abridora separa as duas fitas da dupla hélice, quebrando os
degraus. Dentro do líquido do núcleo, as letras moleculares do código genético
flutuam livres. Cada faixa da hélice copia seu parceiro perdido, resultando em
duas moléculas de DNA idênticas. É assim que a vida reproduz e transmite os
genes de uma geração para a próxima.
Quando uma célula se divide em
duas, cada uma leva com ela uma cópia completa do DNA. Uma proteína
especializada faz uma revisão para assegurar que só as letras corretas são
aceitas para que o DNA seja precisamente copiado. Mas ninguém é perfeito. Às
vezes, um erro passa pela revisão, causando uma pequena mudança nas instruções
genéticas uma mutação ocorreu no óvulo da ursa. Uma obra do acaso tão pequena pode
ter conseqüências em uma escala muito maior.
Essa mutação alterou o gene que
controla a cor do pelo. Afetando a produção do pigmento escuro no pelo da prole
da ursa. A maioria das mutações é inofensiva. Algumas são mortais. Mas umas
poucas, por puro acaso, podem dar a um organismo uma vantagem crítica na
competição. Um ano se passou. Nossa ursa agora é mãe. E como resultado daquela
mutação, um dos dois filhotes nasceu com uma pelagem branca. Quando os filhotes
tiverem idade para se aventurar sozinhos, qual urso será melhor em se esgueirar
até uma presa despreocupada?
O urso pardo pode ser visto na
neve a mais de um quilômetro. O urso branco prospera e transmite seu conjunto
particular de genes. Isto acontece repetidamente. Geração após geração, o gene
do pelo branco se espalha por toda a população de ursos árticos. O gene do pelo
escuro perde na disputa pela sobrevivência. Mutações são aleatórias e acontecem
o tempo todo. Mas a natureza recompensa os que aumentam a chance de sobrevivência.
Ela seleciona naturalmente os seres vivos melhores adaptados para sobreviver. E
esta seleção é o oposto de aleatória. As duas populações de ursos se separaram,
e por milhares de anos, evoluíram outras características que as afastou. Tornaram-se
espécies diferentes.
Foi isso que Charles Darwin quis
dizer com "a origem das espécies." Um urso individual não evolui; a
população de ursos evolui ao longo de gerações. Se o gelo do ártico continuar a
diminuir por causa do aquecimento global, os ursos polares podem se extinguir. Serão
substituídos pelos ursos pardos, melhor adaptados ao hoje descongelado
ambiente. É uma história diferente daquela dos cães. Ninguém guiou estas mudanças.
Em vez disso, a própria natureza as seleciona. Isto é evolução por seleção
natural, a ideia mais revolucionária na história da ciência. Darwin apresentou
evidências para esta ideia em 1859. O rebuliço que isso causou ainda não
cessou.
Por que?
Todos entendemos a ponta de
desconforto na noção de que dividimos um ancestral comum com os símios. Ninguém
lhe constrange mais do que um parente. Nossos mais próximos, os chimpanzés, comumente
se comportam mal em público. Há uma necessidade humana compreensível de se
distanciar deles. Uma premissa central da crença tradicional é a de que fomos criados
separadamente dos outros animais. É fácil ver porque esta ideia
"pegou." Ela nos faz nos sentir... especiais. Mas e o nosso
parentesco com as árvores?
Como faz você se sentir?
Certo, eis um segmento do DNA do
carvalho. Pense nele como um código de barras.
As instruções escritas no código
da vida dizem à árvore como metabolizar açúcar. Agora vamos compará-lo com uma
seção do meu DNA. O DNA não mente. Esta árvore e eu somos primos bem distantes.
E não são só as árvores. Se você voltar bastante, vai ver que dividimos um
ancestral em comum com...
a borboleta... lobo... cogumelo...
tubarão... bactérias... pardal.
Que família!
Outras partes do código variam de
espécie para espécie. É isso que faz a diferença entre uma coruja e um polvo. A
menos que você tenha um gêmeo idêntico, não há ninguém no universo com o mesmo
DNA que você. Dentro de outras espécies, as diferenças genéticas geram a matéria-prima
para a seleção natural. A natureza seleciona quais genes sobrevivem e se
multiplicam. Com relação às instruções genéticas para as funções mais básicas
da vida como digerir açúcares, nós e outras espécies somos quase idênticos. É
porque estas funções são tão básicas à vida, que evoluíram antes que as várias
formas de vida divergissem entre si.
Esta é a nossa Árvore da Vida.
A ciência nos possibilitou construir
esta árvore genealógica de todas as espécies de vida na Terra. Parentes próximos
ocupam o mesmo ramo da árvore, enquanto os mais distantes estão mais longe. Cada
ponta é uma espécie viva. E o tronco representa os ancestrais comuns de toda a
vida na Terra. A matéria da vida é tão maleável que desde que começou, a
natureza a moldou em uma enorme variedade de formas 10.000 vezes mais do que podemos
mostrar aqui. Biólogos classificaram meio milhão de tipos diferentes só entre
besouros. Sem falar na inúmera variedade de bactérias.
Há milhões de espécies vivas de
plantas e animais, a maioria ainda desconhecida.
Pense nisso, ainda não
encontramos a maioria das formas de vida terrestre. Isso é o tanto de vida que
há só neste pequeno planeta. A Árvore da Vida estende seus galhos em todas as
direções, encontrar e explorando o que funcionar, criando novos ambientes e
oportunidades para novas formas. A Árvore da Vida tem três bilhões e meio de
anos. Isso é muito tempo para desenvolver um repertório impressionante de
truques. A evolução pode disfarçar um
animal como uma planta levando milhares de gerações para inventar um traje
elaborado que leva os predadores a procurar em outro lugar por algo para comer.
Ou pode disfarçar uma planta como um animal, evoluindo flores com a aparência
de uma vespa o jeito da orquídea de levar vespas reais a polinizá-la. Este é o incrível poder transformador da seleção
natural. Entre os densos membros emaranhados da grande Árvore da Vida você está
aqui.
Um ramo pequeno entre incontáveis
milhões. A ciência revela que toda a vida na Terra é uma só. Darwin descobriu o
real mecanismo da evolução. A crença prevalecente era de que a complexidade e
variedade de vida deveria ser o trabalho de um projetista inteligente, que
criou cada uma destas milhões de espécies separadamente. "Os seres vivos são
muito complexos", dizia-se, "para ser o resultado de evolução não
guiada". Veja o olho humano, uma
obra-prima de complexidade requer uma córnea, íris, cristalino, retina, nervos ópticos,
músculos, e a elaborada rede neural do cérebro
para interpretar imagens. É mais
complexo do que qualquer dispositivo jamais construído pela inteligência
humana. Portanto, argumentava-se, o olho humano não podia ser o resultado da
evolução sem sentido para saber se isso é verdade, precisamos de viajar através
do tempo. Portanto, argumentava-se, o olho humano não podia ser o resultado de
evolução sem propósito. Para saber se isso é verdade, precisamos viajar pelo
tempo para um mundo antes de haver olhos para ver.
No início, a vida era cega. É
assim que nosso mundo se parecia quatro bilhões de anos atrás, antes de haver quaisquer
olhos para ver.
Até algumas centenas de milhões
de anos passarem, e então, um dia, houve um microscópico erro de cópia no DNA
de uma bactéria. Esta mutação aleatória deu a esse micróbio uma molécula de
proteína que absorvia luz solar. Quer saber como o mundo se parecia para uma
bactéria sensível à luz ? Dê uma olhada no lado direito da tela.
Mutações continuaram a ocorrer
aleatoriamente, como sempre fazem em qualquer população de seres vivos. Outra
mutação fez uma bactéria escura fugir da luz intensa.
O que está acontecendo aqui?
Noite e dia. Essas bactérias que
podiam distinguir claro e escuro tinha uma vantagem decisiva sobre os que não
podiam. Porquê? Porque o dia traz luz ultravioleta que danifica o DNA. As bactérias
sensíveis fugiam da luz intensa para trocar seu DNA com segurança no escuro. Elas
sobreviveram em maior número do que as bactérias que ficavam na superfície. Ao
longo do tempo, as proteínas sensíveis à luz se concentraram em um ponto de
pigmento no mais avançado organismo unicelular.
Isto tornou possível achar a luz,
uma vantagem esmagadora para um organismo que colhia luz solar para se
alimentar. Aqui está a visão de mundo de uma planária.
Este organismo multicelular evoluiu
uma covinha na mancha de pigmento. A depressão em forma de tigela permitia que
o animal distinguisse a luz da sombra para discernir grosseiramente objetos em
sua vizinhança, incluindo aqueles para comer e aquelas que podiam comê-lo uma
tremenda vantagem. Mais tarde, as coisas tornaram-se mais claras. A covinha
aprofundou-se e evoluiu para uma "bolha" com uma pequena abertura.
Por milhares de gerações, a seleção
natural foi lentamente esculpindo o olho.
A abertura contraiu-se até um
buraco coberto por uma membrana protetora transparente. Só um pouco de luz poderia
entrar no buraco, mas foi o suficiente para pintar uma imagem fraca na superfície
interna sensível do olho. Isto aumentou o foco.
Uma abertura maior teria deixado
entrar mais luz, fazendo uma imagem mais brilhante, mas fora de foco. Este
desenvolvimento lançou o equivalente visual de uma corrida armamentista. A
competição precisava manter-se para sobreviver. Mas, então, um magnífico novo recurso
do olho evoluiu, uma lente que fornecia brilho e nitidez.
Nos olhos de peixe primitivo, o
gel transparente perto do orifício formou uma lente.
Ao mesmo tempo, o buraco aumentou
para deixar entrar mais luz. Os peixes podiam ver em alta definição, tanto
perto quanto longe. E depois algo terrível aconteceu.
Já notou que um canudo em um copo
de água parece torto na superfície da água?
É porque a luz se dobra ao passar
de um meio para outro, como da água para o ar.
Nossos olhos evoluíram primeiro para
ver na água. O líquido aquoso naqueles olhos eliminava a distorção desse efeito
de dobra. Mas para os animais terrestres, a luz leva imagens do ar seco aos
seus olhos ainda aquosos. Isso dobra os raios de luz, causando todos os tipos de
distorções. Quando nossos ancestrais anfíbios saíram da água para a terra, seus
olhos, evoluídos para ver na água, eram ruins para ver no ar.
Nossa visão nunca foi tão boa
desde então. Gostamos de pensar em nossos olhos como obras perfeitas, mas 375
milhões de anos depois, ainda não podemos ver coisas bem na frente de nossos
narizes ou discernir detalhes na escuridão próxima do jeito que peixes podem.
Quando saímos da água, porque a
natureza não começou do zero e nos evoluiu um novo conjunto de olhos otimizados
para ver no ar? A natureza não funciona assim. A evolução remodela estruturas existentes
ao longo de gerações, adaptando-as com pequenas mudanças. Ele não pode voltar para
a prancheta e começar do zero. Em todas as fases de sua desenvolvimento, o olho
em evolução funcionou bem o bastante para fornecer uma vantagem seletiva para a
sobrevivência. E entre os animais vivos hoje, encontramos olhos em todas estas
etapas do desenvolvimento. E todos eles funcionam. A complexidade das olho
humano não é nenhum desafio para a evolução pela seleção natural. Na verdade, o
olho e toda a biologia não faz sentido sem a evolução. Alguns afirmam que a
evolução é apenas uma teoria, como se fosse apenas uma opinião.
A teoria da evolução, como a
teoria da gravidade, é um fato científico. A evolução realmente aconteceu. Aceitar
o nosso parentesco com toda a vida na Terra não é só ciência sólida. No meu
ponto de vista, também é uma experiência espiritual elevadora.
Porque a evolução é cega, não
pode antecipar ou se adaptar a eventos catastróficos.
A Árvore da Vida tem alguns
galhos quebrados. Muitos deles foram cortados nas cinco maiores catástrofes que
a vida já conheceu. Em algum lugar, há um memorial à multidão de espécies
perdidas, os Salões de Extinção. Venha comigo.
Bem-vindo aos Salões da Extinção.
Um monumento aos galhos quebrados da Árvore da Vida. Para cada uma das milhões
de espécies vivas hoje, talvez mil outras tenham sido perdidas. A maioria delas
morreu na competição diária com outras formas de vida. Mas muitas deles foram
varridos em grandes cataclismos que assolaram o planeta. Nos últimos 500 milhões
de anos isso já aconteceu cinco vezes. Cinco extinções em massa que devastaram
a vida na Terra. A pior de todas aconteceu há cerca de 250 milhões de anos, no
final de um período conhecido como o Permiano.
Trilobites eram animais blindados
que caçavam em grandes manadas através do fundo do mar. Estiveram entre os
primeiros animais a evoluir olhos formadores de imagens. Trilobites tiveram uma
"vida" longa, cerca de 270 milhões de anos. A Terra já foi o planeta
dos trilobites. Mas agora todos eles se foram, extintos. Os últimos foram
varridos do palco da vida juntamente com incontáveis outras espécies em um
incomparável desastre ambiental. O apocalipse começou no que hoje é a Sibéria, com
erupções vulcânicas em uma escala diferente de tudo experimentado pelos
humanos.
A Terra era muito diferente, com
um único supercontinente e um grande oceano. Inundações implacáveis de lava
ardente cobriram uma área maior que a Europa Ocidental. As erupções pulsantes ocorreram
por centenas de milhares de anos.
A rocha derretida incendiou depósitos
de carvão e contaminou o ar com dióxido de carbono e outros gases de efeito
estufa. Isto aqueceu a Terra e parou as correntes oceânicas de circulação. Bactérias
nocivas floresceram, mas quase todo o resto nos mares morreu. As águas
estagnadas arrotaram sulfeto de hidrogênio letal no ar, que sufocou a maioria dos
animais terrestres. Nove em cada dez espécies no planeta foram extintas. Chamamos
isto de... A Grande Morte.
A vida na Terra chegou tão perto
de ser dizimada que levou mais de 10 milhões de anos para se recuperar. Mas as novas formas
de vida lentamente evoluíram para encher as lacunas deixadas pelo holocausto
Permiano. Entre os maiores vencedores estavam os dinossauros. Agora, a Terra
era o seu planeta. Seu reinado continuou por mais de 150 milhões de anos. Até
que, também, desabou em outra extinção em massa. A vida na Terra tem tomado
muitas surras através dos tempos. E ainda assim está aqui. A tenacidade da vida
é atordoante. Continuamos a achando onde ninguém pensou que poderia estar. Esse
corredor sem nome?
Isso é para outro dia.
Eu sei de um animal que pode
viver em água fervente ou no gelo sólido. pode ficar 10 anos sem uma gota de água.
pode viajar nu no vácuo frio e radiação intensa do espaço e vai voltar ileso. O
tardígrado, ou urso d'água. Ele está em casa no topo das montanhas mais altas e
nas mais profundas fossas marinhas. E em nosso próprio quintal, onde vivem
entre o musgo em números incontáveis. Você provavelmente nunca os notou porque
são muito pequenos. Como a ponta de uma agulha. Mas eles são durões. Os tardígrados
sobreviveram a todas as cinco extinções em massa. Eles estão no negócio há meio
bilhão de anos. Costumávamos pensar que a vida era mimada, que só se fixaria onde
estava nem muito quente, nem muito frio, nem muito escuro ou salgado ou ácido
ou radioativo. E não esqueça, sempre acrescente água.
Estávamos errados. Como o
resistente tardígrado demonstra, a vida pode suportar condições que
significariam morte certa para nós, seres humanos. Mas as diferenças entre nós e
a vida encontrada nos mais extremos ambientes do nosso planeta são só variações
de um mesmo tema, dialetos de uma única linguagem. O código genético da vida na
Terra. Mas como seria a vida em outros mundos? Mundos com uma história química
e evolução totalmente diferentes do nosso planeta? Há um mundo distante aonde
quero lhe levar - um mundo muito diferente do nosso, mas que pode ter vida.
E se tiver, promete ser diferente
de tudo já visto antes. Nuvens e névoa cobrem totalmente a superfície de Titã, a
lua gigante de Saturno.
Titã me lembra um pouco de casa. Como
a Terra, tem uma atmosfera primariamente de nitrogênio.Mas é quatro vezes mais
densa. O ar de Titã não tem oxigênio. É bem mais frio que qualquer lugar da
Terra. Mas ainda assim... Eu quero ir lá. Nós temos que descer através de umas
centenas de quilômetros de névoa antes de poder ver a superfície. Mas escondido
ali há uma paisagem estranhamente familiar.
Titã é o único outro mundo no
sistema solar onde chove. Ele tem rios e praias. Titã tem centenas de lagos. Um
deles maior do que o Lake Superior na América do Norte. Vapor subindo dos lagos
se condensa e cai de novo como chuva. A chuva alimenta rios, que escavam vales na
paisagem, como na Terra. Mas com uma grande diferença. Em Titã, as chuvas e os
mares não são de água, mas de metano e etano.
Na Terra, essas moléculas formam
gás natural. No gélido Titã, eles são líquidos. Titã tem muita água, mas toda
ela congelada, dura como pedra. De fato, a paisagem e montanhas são feitas
principalmente de gelo de água. A centenas de graus abaixo de zero, Titã é frio
demais para a água derreter. Astrobiólogos desde Carl Sagan imaginaram se a
vida poderia nadar nos lagos de hidrocarbonetos de Titã. A base química para
tal vida teria que ser inteiramente diferente do que conhecemos. Toda a vida na
Terra depende de água líquida. A superfície de Titã não tem nenhuma. Mas
podemos imaginar outros tipos de vida. Pode haver criaturas que inalem hidrogênio
em vez de oxigênio. E exalem metano em vez de dióxido de carbono. Podem usar
acetileno em vez de açúcar como fonte de energia. Como podemos saber se estas
criaturas mantêm um império oculto embaixo das ondas oleosas? Estamos
mergulhando no Mar de Kraken, o nome do mítico monstro marinho nórdico. Mesmo
que haja um desses aí embaixo, provavelmente não podemos ver. É muito escuro.
Se você extraísse todo o petróleo
e gás natural da Terra, seria só uma pequena fração das reservas de Titã. Vamos
acender umas luzes.
Estamos 200 metros abaixo da
superfície. Você viu alguma coisa? Bem ali, naquela abertura. Talvez tenha sido
minha imaginação Acho que vamos ter que voltar se quisermos ter certeza. Há uma
última história que quero contar. E é a maior história que a ciência já contou.
É a história da vida em nosso mundo. Bem vindo à Terra de 4 bilhões de anos atrás.
Este era nosso planeta antes da
vida. Ninguém sabe como a vida começou. A maioria das evidências daquele tempo
foi destruída por impactos e erosão. A ciência opera na fronteira entre
conhecimento e ignorância não temos medo de admitir. Não há vergonha nisso. A única
vergonha é achar que temos todas as respostas. Talvez alguém assistindo isto seja
o primeiro a a resolver o mistério de como surgiu a vida na Terra. A evidência
dos micróbios atuais sugere que seus primeiros ancestrais preferiam altas
temperaturas. A vida na Terra pode ter surgido na água quente ao redor de
chaminés vulcânicas submersas Na série Cosmos original, de Carl Sagan, ele traçou
a linha contínua que se estende diretamente dos organismos unicelulares de
quase 4 bilhões de anos atrás... até você.
4 bilhões de anos em 40 segundos.
De criaturas que ainda não distinguiam o dia da noite a seres que estão explorando
o cosmos. Estas são algumas das coisas que as moléculas fazem com 4 bilhões de
anos de evolução.
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