quinta-feira, 1 de maio de 2014

Aumente o poder do seu cérebro - John Medina

O autor: o Dr. J. Medina é biólogo molecular especializado no estudo dos genes que atuam no desenvolvimento do cérebro humano e na genética dos distúrbios psiquiátricos. É diretor do Centro do Cérebro para Pesquisa de Aprendizado Aplicado da Universidade Seattle Pacific e também professor do departamento de bioengenharia da faculdade de medicina da Universidade de Washington. Mais informações no site www.brainrules.net



Aumente o poder do seu cérebro, John Medina


1) Os exercícios aumentam o poder do cérebro:
  • O cérebro foi feito para que caminhássemos 20km por dia!
  • Para melhorar a capacidade de pensar, temos que nos mexer.
  • Os exercícios levam sangue para o cérebro, transportando até ele a glicose, que se transforma em energia e oxigênio para absorver os elétrons tóxicos excedentes. E também estimulam a proteína, que mantém os neurônios conectados.
  • Duas sessões de exercício aeróbico por semana bastam para reduzirmos à metade o risco de demência generalizada e em 60% a probabilidade de ocorrência do mal de Alzheimer.
2) O cérebro também evoluiu:

  • Nós não temos apenas um cérebro, e sim três. Começamos com um “cérebro de lagarto” para nos manter respirando. Depois adquirimos um cérebro idêntico ao de um gato e cobrimos os dois com uma camada de gelatina chamada córtex – o terceiro e poderoso cérebro “humano”.
  • Ocupamos todo o planeta por meio de adaptações à mudança em si, depois de sermos forçados a descer das árvores para a savana quando alterações no clima destruíram as nossas fontes de alimento.
  • O fato de termos deixado de andar sobre quatro apoios e nos tornado bípedes que passaram a caminhar na savana liberou energia para desenvolver um cérebro complexo.
  • O raciocínio simbólico é um talento tipicamente humano. Pode ter surgido da nossa necessidade de compreender as intenções e motivações uns dos outros, permitindo assim que nos organizássemos em grupos.

3) Todo cérebro tem conexões específicas:

  • Aquilo que fazemos e aprendemos modifica a aparência física do cérebro – literalmente o reprograma com novas conexões.
  • As diversas áreas cerebrais se desenvolvem em diferentes velocidades em cada pessoa.
  • Não existem dois indivíduos cujos cérebros armazenam a mesma informação da mesma maneira e no mesmo lugar.
  • Temos diversos tipos de inteligência, e muitos deles não aparecem nos testes de Q.I.

4) Ninguém presta atenção em coisas chatas:

  • O “spot” cerebral conectado à atenção consegue focalizar apenas uma coisa de cada vez, e não várias ao mesmo tempo.
  • Somos mais eficientes em perceber padrões e captar o significado de um acontecimento do que em gravar detalhes.
  • A estimulação emocional ajuda o cérebro a aprender.
  • A platéia para de prestar atenção depois de 10 minutos, mas é possível reacender o seu interesse com narrativas ou eventos ricos em emoções.

5) Repita para se lembrar:

  • O cérebro tem muitos tipos de sistemas de memória. Um deles segue quatro fases de processamento: codificação, armazenamento, recuperação e esquecimento.
  • A informação que entra no cérebro é imediatamente dividida em fragmentos que são enviados a regiões diferentes do córtex para armazenamento.
  • A maior parte dos eventos que indicam se algo que foi aprendido também será relembrado ocorre nos primeiros segundos do aprendizado. Quanto mais elaborada é a codificação da memória em seus momentos iniciais, mais forte ela será.
  • Podemos melhorar nossas chances de nos recordarmos de uma informação se reproduzirmos o ambiente em que estávamos quando o nosso cérebro foi exposto a ela pela primeira vez.

6) Lembre-se para repetir:

  • A maioria das memórias desaparece em minutos, mas aquelas que sobrevivem a esse período frágil se fortalecem com o tempo.
  • Memórias de longo prazo são formadas por meio de uma conversa entre o hipocampo e o córtex, até que o primeiro rompe a conexão e a memória é fixada no córtex – e isso pode levar anos.
  • O cérebro nos fornece apenas uma visão aproximada da realidade, porque mistura novos conhecimentos com memórias passadas e os armazena juntos, como se fossem uma coisa só.
  • Para fazermos com que a memória de longo prazo seja mais confiável, temos que incorporar novas informações de maneira gradual e repeti-las em intervalos específicos.

7) Durma bem, pense bem:

  • No cérebro há um constante estado de tensão entre células e substâncias químicas que tentam nos fazer dormir e células e substâncias químicas que querem nos manter acordados.
  • Os neurônios realizam uma atividade rítmica vigorosa quando estamos dormindo – talvez repetindo o que aprendemos naquele dia.
  • Há diferenças quanto à quantidade de sono de que cada um de nós precisa e ao horário em que preferimos dormir, mas a vontade de tirar uma soneca à tarde é universal.
  • A privação de sono prejudica a atenção, a função executiva, a memória imediata, a memória de trabalho, o humor, as habilidades quantitativas, o raciocínio lógico e até a agilidade motora.

8) Cérebros estressados não aprendem do mesmo modo:

  • O sistema de defesa do corpo – a liberação de adrenalina e cortisol – foi feito para garantir nossa resposta imediata a um perigo importante, porém passageiro, como o ataque de um leão. O estresse crônico, como a hostilidade doméstica, desregula de maneira nociva esse sistema, que é programado para lidar apenas com reações de curto prazo.
  • Com o estresse crônico, a adrenalina cria cicatrizes nos vasos sanguíneos que podem causar infarto e AVC. Além disso, o cortisol prejudica as células do hipocampo, o que afeta nossa capacidade de aprender e de nos lembrar.
  • O pior tipo de estresse é a sensação de que não temos controle sobre o problema – que nada podemos fazer para resolvê-lo.
  • O estresse emocional afeta de modo profundo a sociedade, a capacidade de aprendizado escolar das crianças e a produtividade das pessoas no trabalho.

9) Estimule mais sentidos ao mesmo tempo:

  • Nós absorvemos informações sobre um acontecimento por meio dos sentidos, transformamos os estímulos em sinais elétricos (relativos à visão, ao som, etc.), enviamos esses sinais a áreas específicas do cérebro, reconstruímos o que aconteceu e, por fim, temos a percepção do evento como um todo.
  • O cérebro parece depender de experiências passadas para decidir como combinar esses sinais. É por isso que duas pessoas podem ter uma percepção muito diferente do mesmo acontecimento.
  • Nossos sentidos evoluíram para funcionar juntos – a visão influenciando a audição, por exemplo. Por isso, aprendemos melhor quando estimulamos vários sentidos ao mesmo tempo.
  • Os cheiros têm um poder extraordinário de evocar lembranças, talvez porque os sinais do olfato contornam o tálamo e vão direto para os seus destinos, entre os quais está a supervisora das emoções: a amígdala cerebelar.

10) A visão se sobrepõe aos outros sentidos:
  • A visão é o sentido dominante – ela usa quase metade dos recursos cerebrais.
  • Aquilo que vemos é apenas o que o cérebro nos diz para ver, e não é 100% exato.
  • A análise visual que fazemos ocorre em muitas etapas. A retina reúne fótons em fluxos de informação que são como pequenos filmes. O córtex visual processa esses fluxos – algumas de suas áreas registram movimento, outras captam cores, outras percebem os contornos, e assim por diante. Por fim, a informação é reintegrada para que possamos vê-la como um todo.
  • O melhor modo de aprender e lembrar é por meio de figuras, e não de palavras escritas ou faladas.

11) O homem e a mulher têm cérebros diferentes:
  • Enquanto os homens possuem apenas um cromossomo X, as mulheres têm dois (mas um deles fica na reserva). Esse cromossomo é chamado de “local de badalação” cognitiva por conter uma porcentagem extraordinária de genes envolvidos na construção do cérebro.
  • As mulheres são mais complexas do ponto de vista genético porque o cromossomo X ativo em suas células é uma mistura do material genético da mãe com o do pai. O cromossomo X dos homens é sempre herdado da mãe, e seu cromossomo Y contém menos de 100 genes (enquanto o X abriga cerva de 1,5 mil).
  • O cérebro dos homens e o das mulheres se distinguem em termos estruturais e bioquímicos – os homens têm amígdala cerebelar maior e produzem serotonina mais rápido, por exemplo. Mas não se sabe se essas diferenças são importantes.
  • Homens e mulheres reagem de maneira diferente ao estresse agudo. Enquanto elas ativam a amígdala do hemisfério cerebral esquerdo e se lembram dos detalhes emocionais, eles utilizam a amígdala do hemisfério cerebral direito e apreendem o aspecto principal da experiência.

12) Somos grandes exploradores naturais:
  • O comportamento dos bebês é o modelo da maneira como aprendemos; em vez de reagirmos passivamente ao ambiente, realizamos testes ativos por meio da observação, da formulação de hipóteses, da experiência e da conclusão.
  • Partes específicas do cérebro permitem essa abordagem científica. O córtex pré-frontal direito procura erros em nossas hipóteses (“Veja, o tigre não é inofensivo!”) e uma região anexa nos diz para mudar de comportamento (“Corra!”).
  • É possível reconhecer e imitar um comportamento por causa dos “neurônios-espelhos” localizados em todo o cérebro.
  • Algumas partes do cérebro adulto permanecem tão maleáveis quanto aas de um bebê, e por isso podemos criar neurônios e aprender coisas novas ao longo de toda a vida.

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